BRAGA

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BRAGA - Vista do Santuário de Bom Jesus do Monte

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Hoje eu acordei e eu sabia que ia ser um dia onde tudo ia dar errado.
Ai eu perdi o ônibus só pra começar, fui sorteada pra apresentar um trabalho só pra gaguejar na frente dos lusos, esqueci meu cartão pra entrar em casa só pra ficar 15min na espreita até alguém aparecer e abrir a porta pra mim e agora eu descobri que a máquina que eu comprei ontem simplesmente não tá dentro da caixa, só pra eu ter que caminhar uns bons 2km debaixo de sol e criar um escândalo na loja, de preferência pedir uma indenização ou no mínimo ter meu dinheiro de volta.
Ainda bem que tudo isso aconteceu num dia que meu humor tá satisfatório, se não eu provavelmente já estaria procurando passagens de volta pro Brasil.

A boa notícia é que esse blog ainda é e será atualizado, continuem acompanhando.

Tchau gente, um beijo, até daqui duas semanas.

domingo, 2 de outubro de 2011

Fim das férias!

UFA! Fim de uma semana bem movimentada e cansativa!

Depois de um longo intervalo, encontrei tempo para escrever aqui novamente.

Nessas duas primeiras semanas: apresentação da Universidade aos Erasmus (embora a denominação se refira apenas ao intercâmbio europeu, assim são chamados todos os alunos intercambistas), Peddy Paper, jantar da cruz vermelha, reunião com a coordenadora do meu curso, aulas experimentais, início de matéria, colegas novos, festinha de recepção no Bar Acadêmico (com direito a 3 finos, ou chopes), poucas horas de sono... A impressão é de que já faz um mês desde o início dessa maratona!

Começou na terça-feira, 19 de setembro, tendo sido segunda-feira o último dia das maiores férias que já vivi até hoje (desde o fim de junho!), e foi assim: reunião com todos os alunos intercambistas para dar as boas vindas à UMinho. No auditório cheio, brasileiros e espanhóis “competiam” para ver qual o país com o maior número de alunos no recinto. Estudantes de outra dezena de nacionalidades (franceses, italianos, lituanos, gregos, turcos, chineses...) também dividiam o mesmo espaço.

Após a primeira apresentação e um pequeno intervalo com direito ao tipicamente português pastel de nata, o grupo foi dividido entre aqueles que queriam receber mais informações em português e aqueles que as preferiam em inglês. Fiquei com o português.

Informações sobre o serviço de informática, biblioteca etc, pausa para um almoço na cantina e dá-se início ao tal do Peddy Paper. Cada aluno recebeu um crachá com a sua identificação e um número correspondente ao grupo em que deveria ficar.

Cada grupo seria composto por alunos provenientes de diferentes universidades e, de preferência, diferentes países. Impossível não haver mais de um brasileiro em cada grupo, mas o objetivo foi cumprido: eu não conhecia ninguém.

Escolhido um líder (eu, por ser a única que falava português e inglês) e um guia (aluno mais antigo na UMinho), demos início às tarefas. O objetivo era passar por pontos estratégicos da universidade, arredores e do centro da cidade coletando certas informações para preencher um questionário e assim conhecer os locais que nos poderiam ser úteis e interessantes durante nossa estadia por aqui.

No calor infernal que fazia, houve quem não gostasse da longa caminhada. Com a sorte de ter uma guia simpática (Maju, a descoberta da semana, nossa vizinha e frequentadora assídua do nosso lamentavelmente bagunçado quarto) que me enchia de tantas novas informações que eu mal podia lembrar, cheguei ao final dessa “caça ao tesouro” cansada e feliz com as novas amizades, apesar do grupo desfalcado.

O dia terminou no BA (Bar Acadêmico), uma espécie de bar-balada, onde só é permitida a entrada de universitários. O lugar ficou simplesmente lotaaaaado! Quem se arriscava a dançar certamente esbarraria em alguém, mas isso não parece ser um problema por aqui. Aliás, as palavras “licença” e “desculpe” eram raridade. É na base do empurrão mesmo.

Na quarta-feira, jantar típico português para aqueles que haviam se inscrito no dia anterior, organizado pelo Projecto Meet, projeto da Cruz Vermelha voltado à integração e apresentação da cultura portuguesa aos estudantes internacionais.

Os pratos principais (frango com batatas e peixe com arroz e feijão), típicos do país, foram regados ao famoso vinho verde e, como não poderia deixar de ser, o Vinho do Porto estava presente no Honra ao Porto, brinde destinado a ocasiões especiais. Esse brinde é tradicionalmente feito à Rainha da Inglaterra e seus soldados, para deixar livre a mão direita, que carrega a arma, o fazem com a mão esquerda. E assim também o fizemos.

Para animar, uma pequena competição foi lançada: valendo uma garrafa de Vinho do Porto, ganharia aquele com a melhor performance de uma música típica de seu próprio país. Ganhou uma dupla de brasileiros com “É o amor”, que contagiou o grupo, mais uma vez predominantemente brasileiro.

A noite, deste vez, foi celebrada no famoso Sardinha Biba, discoteca (é assim que se chama por aqui) famosa na cidade e intensamente frequentada pelos intercambistas na quarta-feira, por ser a noite dos Erasmus, que têm direito a duas (homens) ou três (mulheres) bebidas grátis.

Na sexta-feira, reunião com a coordenadora acadêmica para a escolha dos horários e assinatura do nosso plano de aula. Porém, sendo o prazo final para a escolha das matérias no dia 6 de outubro, não houve viva alma que pretendesse a inscrição imediata.

É assim, então, que de fato começam as aulas. Ou não.

Tentei assistir a todas as aulas possíveis e imagináveis. Como aluna do Direito, sou obrigada a escolher metade do meu currículo nesse curso. Já os outros 50%... Ah, não houve curso de humanas que me escapasse!

Porém, sendo a primeira semana de aula dos caloiros, o difícil foi encontrar uma turma em classe. Os primeiros anos de cada curso tinham também as suas atividades de recepção e apresentação da universidade. Portanto, foi comum chegar a uma classe e encontrá-la vazia, ou com diversos caloiros perdidos, sem saber o porquê de lá não haver um professor.

E por incrível que pareça, o mesmo aconteceu com algumas aulas de turmas mais avanças no curso. A começar que aqui os cursos são mais curtos que no Brasil (devido ao Tratado de Bolonha, que unificou o ensino superior na Europa) e, portanto, os alunos já são veteranos quando chegam ao terceiro ano (quarto, para o curso de Direito). São os chamados doutores e ficam por aí a aplicar a Praxe, o nosso conhecido trote!

Para isso, não basta estar no terceiro ano (não sei a partir de quando se pode participar nos cursos que duram mais de 3 anos), é preciso obedecer a todo o ritual. Não se aplica a praxe sem a devida vestimenta, o que significa o uso completo e da forma correta do traje acadêmico. Este é composto por camisa, calça ou saia, colete, capa, sapato e chapéu específicos! Isso sem contar todos os apetrechos, como fitas e adesivos, e nomenclatura que demonstram o nível hierárquico do aluno.

Quanto mais tempo de curso, mais fitas se adquire (cada curso tem a sua cor. Direito = vermelho) e maior o seu “cargo”, com nomes como Abade e Vossa Santidade.

A Praxe, diferentemente do nosso trote, é aplicada dentro da universidade mesmo e dura pelo menos duas semanas (pelo que pude verificar. Reza a lenda que ainda haverá uma continuação na próxima semana). Os doutores questionam os caloiros, ensinam as músicas e gritos do seu curso, passam exercícios físicos (flexões) e tarefas (como conseguir o telefone de alguém), enquanto os caloiros ouvem e realizam tudo de cabeça baixa, perfeitamente alinhados em suas fileiras.

Os Erasmus não participam, estão livres para circular pelo campus e pelas aulas, na tentativa de montar seu próprio e diferenciado currículo, embora os horários ainda não estejam estabilizados, o que dificulta ainda mais o desafio.

E a praxe não foi única diferença que pude notar entre minha experiência universitária brasileira e portuguesa. No corpo discente, pude perceber uma quantidade considerável de alunos fora da idade universitária comum. São muitas as pessoas mais velhas que frequentam a universidade e que trabalham (trabalhador-aluno), não tendo, pelo que entendi, controle de presença nas aulas.

Outra diferença que notei é quanto às avaliações. Aqui, podemos escolher entre fazer uma avaliação continuada, que pode incluir testes e trabalhos ao longo do semestre, ou apenas a avaliação final, uma prova no fim do semestre que serve também como segunda chance para aqueles que não forem aprovados na avaliação contínua.

É comum que alunos estrangeiros, em especial aqueles que não falam bem ou absolutamente nada de português, escolham somente a avaliação final, que muitas vezes é substituída por um trabalho em inglês ou espanhol, se o professor estiver de acordo. Assim, esses alunos que não tirariam proveito das aulas, por não conseguirem acompanhar, devem estudar por conta própria, tendo o plano de estudos como guia e os professores para auxiliar. E, se o professor concordar, poderão não ter verificação de presença.

Aqui, o professor tem maior liberdade para decidir sobre como serão feitas as avaliações na modalidade continuada e também para decidir sobre o controle de presença.

Dia 06 é o prazo final para a matrícula (ou inscrição, como a chamam por aqui) e vamos ver o que conseguimos, né?